E se ao brincar no parque infantil estivermos a expor as crianças ao risco?
A pandemia que atravessamos e o ecossistema desafiante em que vivemos levou a que um conjunto de companhias seguradoras apelassem aos planeadores/arquitetos/especialistas alemães para o desenvolvimento de estruturas em que as crianças pudessem brincar ao mesmo tempo que se familiarizavam com o conceito de risco ao invés do paradigma vigente da segurança a 100%.
À primeira vista poderá parecer um contrassenso, mas será mesmo assim?
A literacia infantil em diversas áreas comportamentais e de desenvolvimento, nomeadamente na gestão do risco explora o conceito de exposição ao risco como forma de desenvolvimento, treino e aquisição de competências adaptativas por parte das crianças (aos níveis motor, social, emocional e cognitivo). Brincar é um dos processos de aprendizagem infantil que alicerça o desenvolvimento e molda comportamentos e competências futuras.
De acordo com diversos estudos (vide a título de exemplo revisão sistemática em Brussoni et al. 2015) a relação entre segurança e bem-estar infantil e o processo de brincar é complexa e multideterminada, e longe de ser consensual. Denota-se que a segurança extrema e uma aversão total ao risco no processo de brincar pode ter efeitos adversos nas crianças, nomeadamente na sua qualidade de vida e bem-estar. Limitando-se assim os processos espontâneos de brincadeira, aprendizagem pelo erro, e outros aspetos comportamentais associados.
Estaremos a enfrentar uma mudança de paradigma no desenho de parques infantis?
O CATIM acompanha os desenvolvimentos e aos impactos que estes poderão ter na indústria nacional, no mercado e em outras partes interessadas.
Normalização na área da segurança de parques infantis:
O ONS CATIM coordena a Comissão Técnica Nacional 166 – Espaços e equipamentos de desporto, recreio e lazer, envolvendo peritos técnicos nacionais em representação de 53 entidades representando diferentes partes interessadas, e acompanhando os trabalhos Europeus e Internacionais de 23 Grupos técnicos.Contacto ONS CATIM – ons@catim.pt
Para quem tiver interesse no tema:
Ball, David . 2007. “Risk and Demise of Children’s Play.” In Growing Up with Risk, edited by Thom, B., Sales, R., Pearce, J., 57–76. Bristol: Policy Press.
Ball, David, Brussoni, Mariana, Gill, Tim, Harbottle, Harry, Spiegal, Bernard. 2019. “Avoiding a Dystopian Future for Children’s Play.” International Journal of Play 8 (1): 3–10. doi:10.1080/21594937.2019.1582844.
Birch, Jo, Parnell, Rosie, Patsarika, Maria, Šorn, Maša. 2016. “Creativity, Play and Transgression: Children Transforming Spatial Design.” Codesign, International Journal of Cocreation in Design and the Arts, 13, 245–60. doi:10.1080/15710882.2016.1169300.
Lundman, R. (2021). Coping with Standards: Integrating Art and Safety into the Design of a Creative Playground. Journal of Planning Education and Research. https://doi.org/10.1177/0739456X21994650
Colaboração no post: Cláudia Fernandes, CATIM – informação produzida a 29/10/2021
Colaboração no post: Cláudia Fernandes, CATIM – informação produzida a 29/10/2021a 100% (sapo.pt)
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